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As Figuras De Linguagem Mais Surpreendentes Na Literatura Brasileira

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Navegar pelas profundezas da literatura brasileira é como explorar um mundo encantado, repleto de figuras de linguagem que conferem um brilho único às palavras dos escritores.

Neste artigo, mergulharemos nas figuras de linguagem mais surpreendentes que adornam a prosa e a poesia brasileira, revelando o esplendor de sua utilização na narrativa literária.

Figuras de Linguagem.

Metáfora.

A metáfora, uma das figuras de linguagem mais icônicas, é uma técnica literária que permite que escritores transcendam o óbvio e transformem o comum em algo extraordinário.

Ela é a pintura das palavras, a criação de imagens vívidas e poéticas na mente do leitor. Na literatura brasileira, encontramos exemplos brilhantes do uso da metáfora.

Em Dom Casmurro, de Machado de Assis, a complexa psicologia do protagonista, Bentinho, é comparada a um capacete de cristal.

Essa metáfora lançada pelo autor arremessa um feixe de luz sobre o estado emocional de Bentinho, revelando sua obsessão e fragilidade com uma única imagem.

A magia da metáfora reside na sua capacidade de transcender a simples descrição e criar conexões mais profundas e impactantes entre o leitor e a história.

Ou seja, é como se as palavras ganhassem vida, pintando um quadro que vai muito além das páginas de um livro.

Neste sentido, a metáfora é uma das ferramentas mais poderosas à disposição dos escritores, permitindo-lhes transmitir emoções, conceitos abstratos e nuances da condição humana de forma única e envolvente.

É um convite para mergulhar nas camadas mais profundas da narrativa, onde as palavras se tornam pinceladas de um quadro literário que desafia a mente e emociona o coração.

Metonímia.

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Similarmente a Metáfora, a metonímia é uma figura de linguagem que brilha na literatura brasileira, proporcionando uma maneira cativante de representar conceitos e objetos.

Nela, um elemento é utilizado para simbolizar algo relacionado a ele, gerando conexões sutis e profundas na narrativa.

Em obras clássicas como Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, por exemplo, a metonímia é habilmente empregada. O protagonista defunto-autor, Brás Cubas, personifica a sociedade da época.

Através desse recurso, o autor não apenas torna a história mais envolvente, mas também lança uma crítica perspicaz à hipocrisia e às convenções sociais do século XIX.

Em outras palavras, a metonímia é como um elo invisível que une conceitos, criando uma teia de significados e subtextos.

Ou seja, ela revela a astúcia do escritor em transmitir mensagens complexas e provocativas de forma sutil, desafiando o leitor a desvendar as camadas ocultas da narrativa.

Portanto, o poder da metonímia reside na sua capacidade de transcender o óbvio, levando a uma compreensão mais profunda das questões sociais e culturais que permeiam as histórias contadas pelos mestres da escrita brasileira.

É uma ferramenta que transforma palavras comuns em portas para mundos de significado, enriquecendo a experiência literária.

Ironia.

A ironia é uma figura de linguagem que desempenha um papel fundamental na literatura brasileira, acrescentando nuances e humor à narrativa.

Ela é como um sorriso escondido nas palavras, uma maneira sutil e perspicaz de desafiar as expectativas e revelar a verdade subjacente.

Em “Memórias de um Sargento de Milícias,” de Manuel Antônio de Almeida, por exemplo, a ironia é empregada magistralmente.

O protagonista, Leonardo, é apresentado como um herói improvável, cujas ações frequentemente contradizem sua imagem.

A ironia revela as imperfeições e hipocrisias que se escondem por trás da fachada de virtude, criando uma crítica mordaz à sociedade do Rio de Janeiro no século XIX.

Através da ironia, os escritores brasileiros conseguem retratar a complexidade das relações humanas, expondo os contrastes entre as aparências e a realidade.

É como se a narrativa desse uma piscadela ao leitor, convidando-o a olhar além das palavras e a descobrir os segredos enterrados na trama.

A ironia na literatura brasileira é uma lente que nos permite enxergar a vida cotidiana com um olhar perspicaz e crítico, ao mesmo tempo que nos presenteia com momentos de humor e inteligência que tornam a leitura uma experiência verdadeiramente cativante.

É uma figura de linguagem que nos faz refletir, rir e questionar, tudo ao mesmo tempo, proporcionando uma riqueza incomparável à literatura brasileira.

Hipérbato.

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O hipérbato é uma figura de linguagem que desafia a estrutura convencional das frases, reorganizando as palavras para criar uma expressão única.

Na literatura brasileira, encontramos um exemplo marcante dessa técnica em “Grande Sertão: Veredas,” de Guimarães Rosa.

Nesta obra-prima, Guimarães Rosa utiliza o hipérbato para capturar a fala singular do sertanejo, trazendo para o texto a autenticidade do linguajar regional.

A inversão da ordem das palavras não apenas enriquece o contexto cultural da narrativa, mas também desafia o leitor a explorar novas formas de compreensão da linguagem.

Ou seja, o hipérbato é como uma dança das palavras, uma quebra deliberada das regras gramaticais que serve a um propósito artístico.

Ele transporta o leitor para um mundo distinto, onde o tempo e o espaço se dobram de maneira única, proporcionando uma experiência literária enriquecedora.

É a expressão da voz do autor e das personagens de forma autêntica, adicionando um toque de complexidade e profundidade à trama.

Nesse sentido, é através do hipérbato que a literatura brasileira nos convida a apreciar a diversidade da língua e a explorar as fronteiras do pensamento e da comunicação.

É uma ferramenta literária que nos desafia a olhar para além das palavras e a compreender a beleza que reside na quebra das convenções.

Prosopopeia.

A prosopopeia, também conhecida como personificação, é uma figura de linguagem que confere vida a objetos inanimados, animais ou conceitos abstratos, permitindo que eles desempenhem papéis ativos na narrativa.

Na literatura brasileira, encontramos um exemplo marcante da prosopopeia em “Macunaíma,” de Mário de Andrade.

Nesta obra, Mário de Andrade personifica o próprio protagonista, Macunaíma, transformando-o em uma representação simbólica da nação brasileira. Macunaíma, um anti-herói preguiçoso e malandro, torna-se um ícone da cultura nacional.

Essa figura de linguagem não apenas enriquece o contexto cultural da obra, mas também reflete a diversidade e a complexidade do Brasil como uma nação.

A prosopopeia é como uma mágica literária que dá vida a objetos e conceitos, tornando-os personagens que desempenham papéis ativos na trama.

Ela nos permite enxergar o mundo sob uma nova perspectiva, convidando-nos a considerar o poder e a influência de elementos que muitas vezes passam despercebidos.

Na literatura brasileira, a prosopopeia amplifica as vozes da cultura e da sociedade, fazendo com que elementos aparentemente inanimados revelem aspectos profundos e muitas vezes ocultos de nossa identidade.

É uma ferramenta literária que nos convida a refletir sobre o papel e a influência dos elementos culturais, sociais e históricos em nossas vidas, enquanto enriquece a narrativa com uma camada adicional de significado e complexidade.

Principais Características das Figuras de Linguagem

Figura de LinguagemDefiniçãoExemplo na Literatura BrasileiraFunção na Narrativa
MetáforaTransforma o comum em extraordinário, criando imagens poéticas.Em “Dom Casmurro,” o ciúme de Bentinho é comparado a um “capacete de cristal.”Enriquece a narrativa, transmitindo emoções e significados profundos.
MetonímiaUtiliza um elemento para representar algo relacionado a ele.Em “Memórias Póstumas de Brás Cubas,” o defunto-autor, Brás Cubas, personifica a sociedade da época.Cria conexões sutis e críticas sociais na trama.
IroniaAdiciona nuances e humor à narrativa, desafiando as expectativas.Em “Memórias de um Sargento de Milícias,” a ironia revela as imperfeições e hipocrisias do protagonista, Leonardo.Provoca reflexão e crítica social, tornando a história mais envolvente.
HipérbatoInverte a ordem natural das palavras em uma frase.Em “Grande Sertão: Veredas,” Guimarães Rosa utiliza o hipérbato para refletir a fala do sertanejo.Enriquece o contexto cultural e desafia o leitor a explorar novas formas de compreensão da linguagem.
ProsopopeiaConfere vida a objetos inanimados, animais ou conceitos abstratos.Em “Macunaíma,” Mário de Andrade personifica o protagonista, Macunaíma, como um ícone da nação brasileira.Amplifica vozes culturais e sociais, revelando aspectos profundos da identidade e da sociedade brasileira.

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