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Literatura Naturalista: Principais Características E Autores

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A Literatura Naturalista é um movimento literário que surgiu como uma evolução do Realismo, ganhando destaque principalmente no final do século XIX. Para entender a fundo esse movimento, é crucial explorar sua contextualização histórica e cultural, além de suas origens e principais influências.

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No final do século XIX, a sociedade europeia passava por transformações significativas. A Revolução Industrial havia remodelado o panorama social e econômico, trazendo à tona questões de desigualdade, urbanização e novas dinâmicas de trabalho.

Avanços científicos e tecnológicos marcaram esse período, instigando uma visão mais racional e analítica do mundo.

Simultaneamente, as ideias de Charles Darwin, expressas na teoria da evolução, começaram a desafiar crenças religiosas e tradicionais.

O conceito de que o ambiente e a hereditariedade influenciam profundamente o comportamento humano teve um impacto tremendo na forma como as pessoas entendiam a natureza humana.

Esses desenvolvimentos influenciaram diretamente a literatura, inspirando escritores a adotar uma abordagem mais científica e realista.

Enquanto isso, o positivismo, filosofia que enfatizava o conhecimento baseado em fatos observáveis e verificáveis, ganhava popularidade.

Auguste Comte e outros pensadores lideraram o movimento positivista, defendendo a ideia de que a sociedade poderia ser estudada com a mesma objetividade das ciências naturais

Este contexto propiciou o surgimento de uma literatura que buscava retratar a realidade de maneira minuciosa e precisa, culminando na Literatura Naturalista.

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A origem do Naturalismo literário é frequentemente atribuída ao escritor francês Émile Zola, cujo trabalho foi profundamente influenciado pelas ideias científicas e filosóficas da época.

Zola acreditava que os escritores deveriam ser observadores imparciais da sociedade, quase como cientistas, registrando fatos e comportamentos com precisão.

Sua obra “Germinal” (1885) é um exemplo clássico do Naturalismo, onde ele descreve com detalhes a vida dos trabalhadores nas minas de carvão, destacando os efeitos devastadores das condições de trabalho sobre o corpo e a mente humana.

A Literatura Naturalista foi também influenciada por outros movimentos literários e filosóficos. O Realismo, com seu foco na representação fiel da vida cotidiana, foi um precursor importante.

No entanto, os naturalistas levaram essa ideia além, explorando não apenas a superfície da vida, mas também as forças subjacentes que moldam o comportamento humano.

Além disso, as teorias de Sigmund Freud sobre o inconsciente e os instintos humanos também contribuíram para a abordagem naturalista, que frequentemente explora os aspectos mais sombrios e instintivos da natureza humana.

Os naturalistas estavam igualmente interessados nas questões sociais e políticas de seu tempo. Muitos deles utilizaram sua escrita como uma forma de criticar as injustiças sociais, explorando temas como a pobreza, a violência, e a opressão.

Essa abordagem crítica e engajada tornou a Literatura Naturalista uma ferramenta poderosa para questionar e desafiar o status quo.

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A Literatura Naturalista é um movimento literário que se desenvolveu no final do século XIX e início do século XX, caracterizado por uma abordagem científica e objetiva na representação da realidade.

Este movimento busca explorar as influências do ambiente e da hereditariedade no comportamento humano, oferecendo uma visão detalhada e frequentemente sombria da vida.

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Explicação do que é o Naturalismo

O Naturalismo na literatura pode ser visto como uma extensão mais rigorosa do Realismo. Enquanto o Realismo se esforça para retratar a vida cotidiana com precisão, a Literatura Naturalista vai além, adotando uma perspectiva quase científica para entender o comportamento humano.

Os escritores naturalistas acreditam que o ambiente e fatores biológicos, como a herança genética, influenciam profundamente os seres humanos.

Os autores adotam essa abordagem para descrever minuciosa e detalhadamente a realidade, frequentemente apresentando os personagens em situações extremas que revelam seus instintos básicos e impulsos naturais.

A Literatura Naturalista não evita temas tabus ou desagradáveis; ao contrário, ela os explora para mostrar a dura realidade da existência humana. Questões como pobreza, violência, doença, e degeneração moral são comuns nas obras naturalistas.

Diferenças entre Naturalismo e Realismo

Embora o Naturalismo tenha surgido do Realismo, há diferenças significativas entre os dois movimentos. Ambos compartilham a intenção de retratar a vida de maneira fiel e detalhada, mas a Literatura Naturalista adota uma abordagem mais científica e determinista.

AspectoRealismoNaturalismo
EnfoqueRetrato fiel da vida cotidiana e das relações sociaisAnálise científica das influências ambientais e hereditárias
TemasVida diária, moralidade, relações sociaisPobreza, violência, instintos básicos, hereditariedade
PersonagensClasses médias e altas, figuras ordináriasClasses baixas, figuras marginalizadas e em situações extremas
Perspectivas Observação imparcialDeterminismo, foco nas forças que moldam o comportamento humano
EstiloDescritivo, detalhado, mas com foco nas interações sociaisDescritivo, detalhado, com ênfase nos aspectos biológicos e sociais

A Literatura Naturalista adota uma visão determinista da vida, sugerindo que as forças além do controle individual, como a hereditariedade e o ambiente, governam o comportamento humano

Por outro lado, o Realismo tende a enfatizar a moralidade e a responsabilidade individual, explorando como as escolhas pessoais moldam a vida dos personagens.

Ademais, enquanto o Realismo muitas vezes se concentra nas classes médias e altas, a Literatura Naturalista dá voz às classes mais baixas e marginalizadas, mostrando suas lutas e desafios diários.

Esse foco na realidade brutal e muitas vezes desoladora da vida humana diferencia o Naturalismo e lhe confere um tom mais pessimista e crítico.

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A Literatura Naturalista é conhecida por suas características distintivas, que a diferenciam de outros movimentos literários.

Ao adotar uma abordagem científica e objetiva, os escritores naturalistas exploram profundamente a condição humana, retratando a vida com uma precisão implacável e muitas vezes brutal. A seguir, detalhamos as principais características desse movimento.

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Determinismo

Uma das características mais marcantes da Literatura Naturalista é o determinismo. Este conceito sugere que os indivíduos são fortemente influenciados por fatores externos e internos, como a hereditariedade e o ambiente.

Os personagens naturalistas muitas vezes parecem prisioneiros de suas circunstâncias, incapazes de escapar das forças que moldam suas vidas.

Por exemplo, os autores frequentemente apresentam a hereditariedade como um fator decisivo no destino dos personagens. Problemas de saúde, tendências comportamentais e até mesmo moralidades são transmitidos de geração em geração, determinando o caminho que cada indivíduo seguirá.

Além disso, o ambiente em que os personagens vivem desempenha um papel crucial. As condições socioeconômicas, a violência urbana e a falta de oportunidades são elementos que moldam suas ações e escolhas, muitas vezes levando-os a situações extremas.

Essa visão determinista reflete uma crença profunda na influência das ciências naturais sobre a vida humana, destacando como somos moldados por forças além de nosso controle imediato.

Objetividade Científica

A Literatura Naturalista adota uma abordagem objetiva e científica para a narração de histórias. Os escritores naturalistas se veem como observadores imparciais da realidade, quase como cientistas que registram e analisam os comportamentos humanos sem interferir.

Essa objetividade se manifesta em descrições detalhadas e precisas, que evitam julgamentos morais ou interpretações subjetivas. A intenção é apresentar a realidade tal como ela é, permitindo que os leitores tirem suas próprias conclusões.

A linguagem usada é frequentemente direta e desprovida de floreios estilísticos, refletindo a clareza e a precisão da observação científica.

Além disso, muitos autores naturalistas se baseiam em pesquisas e estudos científicos para fundamentar suas narrativas, utilizando dados e teorias da biologia, psicologia e sociologia para dar credibilidade e profundidade às suas histórias.

Descrição Detalhada e Realista

Outra característica fundamental da Literatura Naturalista é a ênfase na descrição detalhada e realista. Os escritores naturalistas se esforçam para capturar todos os aspectos da vida cotidiana com uma precisão minuciosa.

Eles descrevem os cenários com uma riqueza de detalhes que permite aos leitores visualizar claramente o ambiente em que a história se desenrola. Isso inclui desde a arquitetura e paisagem até as condições climáticas e sociais.

Da mesma forma, situações e eventos são apresentados com um nível de realismo que busca envolver o leitor de maneira visceral, muitas vezes não poupando descrições de violência, doença ou degradação.

Os autores retratam os personagens com um olhar clínico, explorando não apenas suas ações, mas também suas motivações internas e influências externas.

eles constroem uma narrativa convincente e imersiva com esse nível de detalhe, observando e apresentando cuidadosamente cada elemento

Temas Sociais e Psicológicos

Os temas abordados na Literatura Naturalista são frequentemente sociais e psicológicos, explorando aspectos sombrios e desafiadores da existência humana.

A pobreza é um tema recorrente, com personagens que lutam para sobreviver em condições adversas. Vícios como o alcoolismo e a dependência de drogas são explorados em profundidade, mostrando como essas questões afetam não apenas os indivíduos, mas também suas famílias e comunidades.

Doenças físicas e mentais são tratadas com um olhar analítico, destacando suas causas e consequências.

Os instintos humanos, como a violência, a sexualidade e a sobrevivência, também são temas centrais. Os escritores naturalistas não hesitam em explorar esses aspectos mais primitivos e muitas vezes perturbadores da natureza humana, oferecendo uma visão desinibida e muitas vezes desconfortável da vida.

Personagens Comuns

Finalmente, a Literatura Naturalista foca-se em personagens comuns, frequentemente oriundos de classes sociais mais baixas.

Ao contrário do foco em heróis ou figuras excepcionais, os naturalistas preferem retratar pessoas comuns enfrentando desafios cotidianos.

Os autores apresentam esses personagens de forma complexa e multifacetada, expondo suas virtudes e falhas sem censura.

Ou seja, suas lutas refletem as dificuldades enfrentadas por muitos na sociedade, proporcionando uma visão autêntica e empática da vida nas camadas mais baixas da sociedade.

Assim, a Literatura Naturalista, através dessas narrativas, procura dar voz a indivíduos que muitas vezes ignoramos ou marginalizamos, destacando suas experiências e contribuindo para uma compreensão mais ampla e profunda da condição humana

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Abaixo, apresentamos alguns dos autores mais importantes e suas obras significativas dentro desse contexto.

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Émile Zola

Émile Zola é frequentemente considerado o pai do Naturalismo. Sua obra é caracterizada pela observação meticulosa da vida cotidiana e pela exploração das forças determinantes que moldam o comportamento humano.

Entre suas obras mais conhecidas está “Germinal” (1885), um poderoso retrato da vida dos mineiros na França do século XIX.

Zola utiliza o ambiente opressivo das minas de carvão para explorar temas como a luta de classes, a exploração dos trabalhadores e os efeitos devastadores das condições de trabalho sobre a saúde física e mental dos personagens.

“Germinal” exemplifica o compromisso de Zola com a objetividade científica e sua habilidade em capturar as complexidades da condição humana em circunstâncias extremas.

Aluísio Azevedo

No Brasil, Aluísio Azevedo foi um dos principais expoentes da Literatura Naturalista. Sua obra mais famosa, “O Mulato” (1881), é um marco não apenas na literatura brasileira, mas também no movimento naturalista mundial.

Azevedo utiliza a história de Raimundo, um jovem mulato que enfrenta o preconceito racial e social da sociedade brasileira do século XIX, para explorar temas como racismo, decadência moral e os efeitos devastadores das pressões sociais sobre os indivíduos.

Ademais, “O Mulato” é uma crítica contundente às injustiças e desigualdades de uma sociedade em transformação, demonstrando a influência direta das teorias naturalistas na literatura brasileira da época.

Guy de Maupassant

Embora mais conhecido por seus contos realistas, Guy de Maupassant também contribuiu significativamente para o movimento naturalista com suas obras que exploram os aspectos mais sombrios da natureza humana.

Um exemplo notável é “Bel-Ami” (1885), onde Maupassant apresenta Georges Duroy, um homem ambicioso e sem escrúpulos que usa sua sedução e manipulação para ascender socialmente em Paris.

A obra examina a corrupção da moralidade individual diante das oportunidades oferecidas pela sociedade urbana moderna, refletindo os temas e a abordagem naturalista de análise objetiva e crítica das dinâmicas sociais.

José Maria de Eça de Queirós

Eça de Queirós, um dos mais renomados escritores portugueses, também deixou sua marca no Naturalismo com obras que combinam análise crítica e sátira social.

“Os Maias” (1888) é talvez sua obra mais emblemática, retratando a decadência da aristocracia portuguesa no final do século XIX.

Eça utiliza o romance para examinar as contradições morais e sociais da época, mostrando como a influência do dinheiro e a busca pelo prazer pessoal corroem os valores tradicionais e levam à ruína moral dos personagens.

“Os Maias” é um exemplo magistral da habilidade de Eça em combinar um retrato realista da sociedade com uma crítica incisiva e humorística das suas falhas.

Jack London

Nos Estados Unidos, Jack London se destacou como um dos pioneiros do Naturalismo. Sua obra mais famosa, “O Chamado Selvagem” (1903), embora seja frequentemente associada ao movimento literário do Realismo Socialista, também exibe elementos naturalistas.

Ademais, London retrata a jornada de Buck, um cão doméstico roubado de sua casa na Califórnia e vendido como cão de trenó no Alasca durante a corrida do ouro.

A história explora os instintos primordiais de Buck à medida que ele luta pela sobrevivência em um ambiente hostil, refletindo os princípios naturalistas de determinismo e ambiente como forças que moldam o comportamento.

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